quarta-feira, 21 de setembro de 2011


Será que o alho oferece proteção contra os vampiros? Um estudo experimental

Será que o alho oferece realmente proteção contra os vampiros? Esta é uma questão que tem atormentado a humanidade desde tempos remotos, mas o que muitos não sabem, é que essa questão já foi respondida por dois investigadores noruegueses nos anos 90, Sandvik e Baerheim. Encontrei o estudo experimental de 1994 no PubMed, uma base de dados de citações de artigos científicos na área da medicina e ciências da vida. Os investigadores chegaram à conclusão de que na realidade o alho não confere proteção, mas que provavelmente atrai ainda mais os vampiros. Segue-se então o abstract (resumo):
Os vampiros são temidos em toda a parte, mas a região dos Balcãs tem sido especialmente assombrada. O alho tem sido considerado como um profilático eficaz contra os vampiros. Nós queríamos explorar esse alegado efeito experimentalmente. Devido à falta de vampiros, foram utilizadas sanguessugas no seu lugar. Num ambiente de pesquisa rigorosamente padronizado, as sanguessugas tinham de fixar-se a uma mão untada com alho ou a uma mão limpa. A mão untada com alho foi preferida em dois de três casos (50,4% a 80,4%, intervalo de confiança de 95%). Quando preferiram o alho as sanguessugas demoraram apenas 14,9 segundos a fixar-se, comparado com 44,9 segundos quando foram para a mão sem alho (p <0,05). A crença tradicional de que o alho tem propriedades profiláticas provavelmente está errada. O inverso pode ser de facto verdade. Este estudo indica que, possivelmente, o alho atrai vampiros. Portanto, para evitar um desenvolvimento semelhante ao dos Balcãs na Noruega, devem ser consideradas restrições no uso de alho.
“Devem ser consideradas restrições no uso de alho”?! Existirá uma epidemia de vampiros nos Balcãs da qual não tenho conhecimento? Se sim, não deveria ser assim tão difícil arranjar um espécimen para a experiência. E porquê sanguessugas?  Toda a gente sabe que os vampiros se transformam em morcegos! E já agora, porque não o Chupa-cabra?!
Para este estudo ser mais absurdo só falta mesmo testarem crucifixos e estacas de madeira. Eu não sei se começo pela ironia da expressão “falta de vampiros” num estudo cujos autores aparentam acreditar que os vampiros são uma ameaça real e importante o suficiente para que se recomende a restrição na utilização de alho. Ou se começo pela escolha da sanguessuga enquanto animal modelo de uma figura do folclore para a qual não existem quaisquer evidências. Existem realmente casos de vampirismo conhecidos, mas não têm nada de sobrenatural, todas essas pessoas sofrem de transtornos mentais.
Para ser justo, pelo menos agora já sei que não é recomendável usar a minha água-de-colónia com aroma a alho quando tiver de atravessar um pântano infestado por sanguessugas. Na verdade, acho que vou até sugerir novas linhas de estudo para estes intrépidos investigadores. Até porque a ciência baseada na realidade é algo tão… 1993.

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