sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Os Vampiros



Os vivos e os mortos.


Todas as mágicas e encantamentos parecem dar vantagens aos vivos sobre os vampiros. À noite, único período em que estão ativos, podem ser contidos e reprimidos com a cruz, o alho, e durante o dia estarão inteiramente à mercê dos caçadores. Mas os vampiros tem outros poderes: aqueles que forem atacados por eles se erguerão do túmulo, como novos vampiros. Para cada vampiro destruído, vários outros são criados.

Ainda assim, não é apenas essa a forma de recrutamento de novos vampiros. Nos Bálcãs, acreditava-se que quem morre em pecado, sem a assistência da Igreja, retornará como um vampiro. Nessa categoria estão especificamente os suicidas e os excomungados. Por extensão, toda pessoa essencialmente maligna poderia tornar-se um vampiro: os que cometeram perjuro, os amaldiçoados pelos próprios pais, os praticantes de magia negra.

Esses voltariam porque estariam condenados a vagar pela eternidade, sem encontrar a paz. De acordo com lendas gregas, um homem assassinado, que não tenha sido redimido pela vingança, será um vampiro. E o mesmo acontecerá com quem não tenha um sepultamento cristão.

Na Romênia, por exemplo, a lenda diz que aqueles que foram lobisomens em vida serão vampiros depois da morte. Os gregos dizem que quem nasce no dia de natal corre o risco de se transformar em vampiro. Outra lenda romena: se um vampiro olhar para uma mulher grávida, seu filho será vampiro, a menos que um padre o abençoe para protegê-lo e eliminar o mal.

Toda a fascinação pela lenda dos vampiros pode ser, em parte, explicada: muitos escritores ligam a idéia da volta da cova com o fato comum de se cometer um engano e enterrar um vivo por morto. No passado, esse fato ocorreu constantemente. Até em São Paulo, durante a chamada "gripe espanhola", na época da Primeira Guerra Mundial. Muita gente apenas desmaiada pela gripe era juntada aos cadáveres e deixada nos cemitérios. Como eram muitos os mortos, não se dava conta dos enterros. E, pelo meio da noite, o doente, passado o estado cataléptico, erguia-se para voltar para casa. Nos séculos 16 e 17 muita gente morria de doenças desconhecidas, e algumas pessoas eram enterradas ainda vivas. E, ao se reabrir a cova, o corpo estava em posição mudada, ainda intacto. A crença no vampirismo tinha neste fato mais uma "prova" de reforço.

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